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Em 26/05/2014 o jornal Valor Econômico em 26/05 publicou as conclusões do estudo que estimou a elasticidade-renda da demanda das exportações brasileiras, dos professores Eliane Araújo, da Universidade Estadual do Maringá (PR), e Nelson Marconi, da Escola de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV)

Os setores industriais de maior intensidade tecnológica são os que mais se beneficiam com maior demanda de exportação quando há elevação de renda internacional. Sua participação na exportação da indústria de transformação brasileira, porém, é relativamente pequena, o que compromete a reação dos embarques do país à recuperação da economia mundial. Estímulos para aumentar a fatia desse setor na indústria nacional podem contribuir para elevar a taxa de crescimento econômico do país.

Essa é uma das conclusões de estudo que estimou a elasticidade-renda da demanda das exportações brasileiras, dos professores Eliane Araújo, da Universidade Estadual do Maringá (PR), e Nelson Marconi, da Escola de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV). O estudo será apresentado durante o Forum de Economia da FGV que acontece hoje e amanhã.

A elasticidade-renda da demanda mede a variação percentual na quantidade demandada conforme a variação percentual na renda do consumidor. No caso da exportação leva-se em consideração a variação da renda mundial. Para as importações, a estimativa é feita conforme a variação da renda interna.

Segundo o estudo, a elasticidade-renda da demanda por exportações brasileira é de 1,18 para o período de entre 2005 e 2013. Ou seja, para cada variação percentual de 1% na renda mundial, a quantidade demandada do total das exportações brasileiras variará 1,18%. Eliane explica que os estudos de estimativas de elasticidade detectaram uma quebra estrutural em 2004. A estruturação da exportação brasileira, diz ela, mudou a partir desse período, provavelmente por conta da demanda dos países asiáticos pelas commodities brasileiras. No período anterior, de 1980 a 2004, essa elasticidade era de 0,90.

O estudo analisou a elasticidade-renda por setores da indústria de transformação classificados segundo a intensidade tecnológica. Os critérios aplicados são os da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal): segmentos intensivos em recursos naturais, segmentos intensivos em trabalho e indústria intensiva em engenharia, ciência e conhecimento.

A elasticidade média da indústria de transformação, segundo o estudo, é de 1,13. Eliane destaca que na classificação por intensidade tecnológica, a indústria intensiva em engenharia, ciência e conhecimento é a que tem o coeficiente mais alto, de 1,41. "Esses segmentos, porém, respondem por 30% da exportação da indústria de transformação", diz. "Já os produtos da indústria intensiva em recursos naturais, que apresentam elasticidade menor, de 1,05, compõem 60% da exportação da indústria de transformação." Isso, diz, requer esforços para que a indústria mais intensiva em engenharia avance na participação da produção industrial e contribua mais para o crescimento da economia.

O professor da FGV, Nelson Marconi, lembra que o estudo também estima a elasticidade no caso das importações. O índice saltou de 1,12 entre 1980 e 1994 para 4,34 de 1995 até 2013. "A elasticidade das importações é muito maior que as das exportações, o que tem impacto na balança de pagamentos e gera maiores necessidades de ajustes que acabam sendo realizados via câmbio ou controle da demanda interna."